sábado, 12 de setembro de 2009

INFERNO ASTRAL

Segundo a astrologia, nos quarenta dias anteriores ao nosso aniversário, estamos num período chamado “inferno astral”.
Bem, se é inferno não deve ser muito bom, penso em algo quente, ardente, onde somos destinados a conhecer e conviver com nossos próprios demônios, com sofrimento intenso no julgamento de todos os atos pecaminosos que cometemos durante a vida. Uau !!! Isso é mesmo terrível para quem tem muitas contas a acertar com o universo!
Nem sei se acredito muito nisso, mas sei que comprovo sempre. Em mim mesma, nas pessoas com quem convivo afetivamente e, mais intimamente, naquelas pessoas com quem desenvolvo meu trabalho em psicoterapia.
No período do nosso inferno astral de cada ano, sofremos pra caramba. Sofremos mesmo. Tudo tem um peso muito maior, nosso julgamento sobre as pessoas fica extremamente aguçado, mas o que mata é nosso julgamento sobre nós mesmos. Ah ! Este sim, adquire requintes de uma crueldade quase redentora, velada, sutil, tornando-nos vítimas de todas as escolhas que fizemos durante o ano que se finda e não raro, das escolhas de todos os tempos, mesmo aquelas onde a imaturidade e a inconsciência, junto às ilusões da vida e às paixões desenfreadas tomaram conta de nós. É como se fizéssemos passo a passo um balanço de nós mesmos. Fácil não pode ser, olhar para si sem lentes cor de rosa, sem máscaras, despidos de defesas e justificativas sem sentido para tudo que não temos coragem de encarar.
Independente do período anteceder a data do aniversário, vez ou outra todos passamos por períodos assim, onde um verdadeiro ‘inferno’ instala-se em nossa mente, na nossa alma atormentada e reflete necessariamente no corpo, o templo das nossas emoções, através dos mais variados sintomas.
As sociedades primitivas tinham rituais para a purificação do corpo, da mente e do espírito porque acreditavam que ‘o espírito pode ficar um pouco enferrujado ao longo do tempo, sempre que as experiências da vida física se tornam descontroladas’. Através desses rituais, que geralmente exigiam algum tipo de sacrifício, a limpeza e purificação era o caminho para livrar-se de todos os pensamentos, sentimentos e atitudes negativas, conduzindo de maneira suave e harmoniosa ao desapego das emoções do ego e ao ‘caminho sagrado’, onde se pode contemplar a paz e a serenidade, e voltar a usar todo o potencial criativo de forma brilhante e harmoniosa a favor da vida plena.
Acredito que sempre recebemos tudo que precisamos. E se precisamos desse inferninho, que venha então e que possamos nos transformar com ele, transcender a mesquinhez da vida material e buscar o sentido no sagrado que nos habita.
Se precisamos nos condenar, nos punir e sofrer “o verdadeiro inferno” para limpar nossos pecados e nos redimir de todas as culpas, que sejam bem vindos os demônios escondidos em nossos porões, alimentando-se de nossa ignorância e escuridão. Que venham todas as legiões de anjos do bem e do mal em socorro de nossa alma carente de libertação!
Só assim podemos tornar-nos íntegros... Inteiros... Integrando nossos dois lados, aceitando e convivendo pacificamente com nossas limitações, nossos pecados, nossos mais escondidos desejos e segredos, sem culpas, sem ressentimentos, sem julgamento.
E só então somos capazes de expandir a imensa paz que há em nós, de alimentar sempre o nosso amor pessoal com a luz da humildade de nos reconhecermos eternos aprendizes de nós mesmos e do caminho sagrado da plenitude.

Joana Carolina Paro.

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