sábado, 7 de agosto de 2010

CARTA À AMIGA QUE PARTIU

Querida amiga, nossa alma está de luto, nossa indignação não se contém, roubaram do nosso povo tua breve e brilhante vida de generosa entrega à causa do AMOR por todos os seres , sem qualquer discriminação.

Choramos tua partida... Tua ausência já sentida...

Como mulher, filha, mãe, amiga, profissional, voluntária e cidadã, contribuiu para que essa terra se tornasse um lugar melhor, para que cada pessoa pudesse se sentir bem na tua presença, e fez isso com seu acolhedor abraço, seu sorriso carinhoso, seu servir estampado de afeto genuíno. Ser Cristã é isso, amar é servir, amor materializado é solidariedade, sair do seu lugar de conforto para prestar seu serviço a quem precise dele. Ser generosa é mais que isso, é dar o melhor que se tem a todos que se acercam de nós, é dar o melhor de si mesma, seu olhar, seu ombro, sua companhia, seu sorriso franco e sempre iluminado pelo afeto do seu gesto.

Procuro o sentido da tua morte... A que emprestou tua vida?

Todos perguntam o ‘porquê’ e eu costumo perguntar ‘a que’ veio para todos nós essa tragédia acontecida a uma pessoa como você, que só fazia o bem ao mundo? Não temos respostas para todos os ‘porquês’ da nossa existência, e mesmo que tivéssemos, não nos satisfaríamos com suas razões frente à dor sentida, não podemos apegar-nos à dor, mas utilizá-la para um mergulho profundo nos nossos subterrâneos, e diante da tua morte perguntarmos a nós mesmos o que fazemos com nossa própria vida, a serviço de que estamos nesse mundo?

Nessa despedida, amiga, quero agradecer a lição de humildade, solidariedade e generosidade que, com tua amizade e exemplo, tocou profundamente minha alma durante toda a tua existência nesse plano, e a consciência de que posso tornar-me uma pessoa muito melhor colocando-me mais e mais a serviço do outro, como você sempre fez.

Diante da tua ausência, sinto-me convocada a arregaçar minhas mangas e trabalhar mais pelas causas humanitárias, acolher seus filhos e os órfãos dos teus cuidados, tentar preencher um pedacinho da imensa lacuna que você deixou. E por esse sentimento que desperta em mim, minha imensa gratidão...

Tenho a certeza que, de onde estiver, continuará acalentando os nossos corações, sorrindo para nossas almas, emanando LUZ ao mundo.

O AMOR não morre, jamais!



Joana Carolina Paro.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

VIVER E SONHAR

Sonhar, sonhar, sonhar... Ahhhhhh (suspiros) ... Como é bom sonhar!


A imaginação é mesmo um belo presente que recebemos do Criativo lá de cima, do Grande Mistério desse universo infinito. Com ela, vamos onde queremos, construímos uma vida idealizada, resolvemos todos os problemas do mundo dos homens, enchemos de flores e encanto a vida à nossa volta...


Sonhamos em ser aquilo que ainda não somos, fazer coisas que nos parecem impossíveis, conquistar espaços inusitados, viver de amor!


Ícaro sonhou voar um dia e construiu suas próprias asas, Gandhi sonhou com a libertação de seu país e realizou uma longa e pacífica revolução até ensinar ao mundo que a PAZ é o caminho, Che Guevara pagou com a própria vida o sonho de liberdade e igualdade para os povos oprimidos, homens e mulheres sonham com o sucesso e a realização de seus desejos, com a felicidade no amor sensual e na família. Temos sonhos coletivos de justiça e fraternidade e cada um acalenta seu sonho individual, criado por seus talentos, por suas necessidades pessoais, por algo que muitas vezes nem conseguimos explicar. Temos sonhos de consumo, desejos fabricados pela invasão da mídia, sonhos de poder e também sonhos que nos revelam segredos enquanto dormimos. Sonhos são nossas estrelas –guia, apontam um lugar para onde ir, uma razão pela qual lutar, dão sentido aos nossos dias, colocam-nos em marcha para o futuro. Por isso, é preciso sonhar...


Mas chega uma hora que não dá mais para adiar, de repente apenas sonhar parece-nos vazio e sem propósito, é hora de colocar a mão na massa e trabalhar duro pela realização dos sonhos, é hora de acreditar neles, avaliar seus conteúdos, confiar no seu potencial e construir trilhas, abrir clareiras, buscar os instrumentos adequados para semear suas idéias em férteis terrenos, por mais estranhas que pareçam ser. Foi assim que as coisas mais fantásticas que temos no mundo aconteceram, pela imaginação de alguém que acreditou ser possível e buscou incansavelmente maneiras de realizar.


Nós criamos nossa própria realidade, passamos do destino herdado ao destino escolhido quando somos capazes de acreditar na capacidade e no talento que recebemos para cumprir nossa missão por aqui. E isso é coisa séria, nossa missão por aqui.


Einstein já dizia que somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos, a física quântica comprova que tudo é energia, que é a energia em forma de pensamento refletida na rede holográfica do universo que se transforma em realidade, matéria física, fatos. Nossos pensamentos determinando os acontecimentos nos nossos dias. Mas não como um passe de mágica, é sem mística alguma, a realidade é feita de trabalho sempre, as conquistas são resultantes de laboriosas jornadas recheadas de escolhas e renúncias, mas também de inconsciência e ignorância.


Pelo caminho, vamos recebendo tudo que precisamos, os sinais, as pessoas certas, as duras pedras que machucam nossos pés , o poço de água pura, as estrelas em noites de profunda escuridão, os duendes e as fadas guardando nosso sono, as frustrações e as dores que tornam-nos mais humanos e humildes, a luz do sol revelando toda a beleza da paisagem a percorrer, as lágrimas para lavar a alma no sofrimento e brilhar os olhos na alegria, o sorriso para brindar o encontro com o outro olhar, os abraços acolhendo o cansaço, o erro para reforçar o aprendizado, o elogio para dar força no trajeto, a crítica para aprimorar, o contentamento de saber-se o arquiteto da própria vida, a graça de ser o mentor dessa grande aventura que é a existência terrena.


A hora é sempre agora!











sábado, 16 de janeiro de 2010

MUDAR A DANÇA

Já é ano novo gente! Hora de colocar em prática todas aquelas inúmeras promessas de mudanças, reavaliar o compasso que pautamos nossas notas, balançar as cadeiras em outros ritmos, solfejar em outro tempo! Ousar novos passos, atrever-se a dançar em outros braços!


Gostaria de começar o ano com suaves mensagens de amor e esperança, com uma matéria inspiradora de passeios internos que levam alento aos corações feridos e aconchego às almas solitárias, falar da necessidade de cuidados pessoais e amor próprio como base das relações com o resto do mundo; mas meu coração está aflito com o que meus sentidos captam da humanidade... Minha alma sabe que não é isso que pode salvar qualquer um de nós de toda a destruição que vai à nossa volta, e que a VIDA é muito maior que nosso pequeno universo particular.


Já é tempo de olharmos para o mundo que estamos consumindo, com maior responsabilidade! Não dá mais para disfarçar, fazer de conta que não é com a gente esta história de salvar o planeta, nossa MÃE, nossa casa, nosso seio. Não dá mais para não tomar posição diante da destruição dos valores que garantem a vida em todas as suas dimensões, não dá mais para correr atrás da individual felicidade enquanto o mundo desaba.


Meu querido Mestre Pierre Weil dizia e reforçava sempre em suas palestras, que precisamos ‘perder a ilusão da separatividade’, tudo que acontece lá fora, acontece dentro de nós, e que precisamos quebrar o pote e entender de uma vez por todas que somos ondas esquecidas de que somos mar! Navegantes do imenso oceano cósmico como uma de suas células, poeira de estrelas, humanóides normóticos em suicídio coletivo!


O terror das guerras no mundo reflete-se em nós em crises de pânico; as aberrações e desmandos políticos, as lutas por todos os tipos de poder, causam insegurança e transtornos de ansiedade com fobias intermináveis; a fome das crianças e a opressão das mulheres no mundo fazem da esperança uma palavra sem sentido, a falta de AMOR esmaga vidas em intensas crises depressivas enquanto o ritmo acelerado das competições fabrica neuroses das mais requintadas espécies... Estamos muito doentes!


Não tenho respostas prontas para nada, não sei quais são os caminhos para nossa salvação. Mas sei que acredito nela. Diante da impotência de reconhecer as direções, atrevo-me a abrir picadas e explorar virgens espaços, assumir o desespero diante da tragédia que nos apresentou a última reunião dos ‘poderosos’ pela salvação do planeta, e gritar bem alto esse pedido de SOCORRO pela VIDA. Gritar para que possam ouvir os seus próprios gritos, prestar mais atenção na posição tomada diante do iminente caos.


Ainda bem que hoje sei que as perguntas são mais importantes que as respostas, pois elas não encerram o processo de aprendizagem e construção do conhecimento. As perguntas devem ser as grandes aliadas da nossa evolução pessoal, promotoras de encontros entre pessoas que comungam princípios e valores capazes de alicerçar uma nova ordem que possa garantir a vida plena do planeta e de todos os seres vivos.


E embora não tenha as respostas, tenho minha indignação e a força das minhas palavras!


Tenho uma vontade imensa de abraçar a humanidade e a Mãe terra com meus braços de mulher, e derramar todo o AMOR que inunda meu coração, em forma de solidariedade e cuidados, como um bálsamo que pode curar os humanos do seu egoismo e transmutar os conflitos numa marcha pela vida.


Vamos juntos ensaiar esta nova ciranda, vamos mudar esta dança, tecer manhãs de esperança e entoar o hino da PAZ? Não posso dançar só...







quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

ALEGRIA COM LAÇO DE FITA

Daqui da morada dessa alma inquieta, onde um coração apaixonado pede vida, e vida plena; a mente que nunca silencia, sussurra baixinho uma canção dos natais da infância...


Vejo-me completamente contagiada pelo espírito deste tempo! Minhas retinas ainda guardam as imagens dos pacotes de presentes que esperávamos o ano todo, debaixo de um pinheiro enfeitado de bolas e luzes. Era a minha mãe quem preparava carinhosamente, cheia de surpresas para encantar nossos olhos e nossas almas. Meu coração ainda sente a ternura e o aconchego da família inteira reunida em festa, a celebrar o nascimento do ‘menino Jesus’, aquele bebê peladinho bem no centro do presépio que as crianças nunca podiam pegar para brincar . Meu corpo detém o calor dos abraços, os cheiros dos assados e o doce presente de natais cheios de colos de amor.


Acredito que é por isso que até hoje, em todos os natais, procuramos estar em família, com árvore enfeitada e presentes, celebrando a benção do AMOR que CRISTO veio ensinar ao seres da terra, exercitando este amor humano que somos capazes, permitindo os encontros e abraços, os desejos de felicidade, o reconhecimento da importância de cada um de nós na vida uns dos outros, agregando os amigos conquistados no caminho, convidando esta nossa família escolhida a compor uma grande e fraterna ‘comum-unidade’ que se reconhece e se fortalece na AMIZADE. Amizade entre irmãos, entre pais e filhos, entre sobrinhos e tios, primos, entre marido e mulher, namorados, amigos, velhos e novos amigos a alimentar nosso ser carente de afetos.


Bem sei que muitas pessoas trazem lembranças dolorosas de datas como esta, ficam tristes, deprimidas, negam-se a participar e a comemorar a vida com outras pessoas. Elas não acreditam serem capazes de experimentar sensações novas, construir aqui e agora, neste tempo presente, uma história melhor para si mesma e para as pessoas que as amam e se importam verdadeiramente com seu bem estar e felicidade. Outras pessoas, que tiveram perdas significativas, por vezes fecham-se em tristeza na lembrança de seus mortos esquecendo-se de agradecer a presença e a vida dos que estão juntos, deixam de honrar com sua força e alegria a memória de quem partiu... Não podemos alimentar nossa alma de ressentimentos, ‘re-sentimentos’, ruminar as emoções amargas que nos fazem perder a essência do AMOR DIVINO que brilha em nós e salva-nos da mediocridade e da solidão, fechar as portas e as janelas da nossa morada para a entrada do sol!


O melhor presente que podemos oferecer às pessoas não vem no belo pacote com laço de fita, o melhor é nos tornarmos um “presente” na vida das pessoas, aquele presente que elas sorriem quando chega, recebem sempre com um abraço e cheias de contentamento porque oferecemos tudo aquilo que temos de melhor em nós.


Podemos ser o presente da autenticidade, sem medo das nossas verdades, sem preocupação com as críticas, permitindo ao outro ser aquilo que ele é, ser transparente e verdadeiro sem medo do erro. Podemos ser o presente do acolhimento sem julgamentos, sem preconceitos e valores que não cabem na realidade, ser o silêncio que escuta um coração ferido expor seus pecados e enganos, ser a palavra que leva luz à consciência em momentos de completa escuridão, mesmo que doa, ser o ombro aconchegante, o colo quentinho, o porto seguro que oferece abrigo em tempos de vendaval.


Mas antes de nos tornarmos um presente para o mundo, precisamos ser generosos com nosso próprio EU. Presentear a nossa vida com tudo aquilo que merecemos e desejamos encontrar fora de nós. Presentear com o PERDÃO que limpa nossas mágoas e leva com elas a dor de não poder amar... Presentear com a COMPAIXÃO que torna menos pesado o imenso fardo da incompreensão, como um carinho que afaga a alma e adoça o amargo dos fracassos e das decepções, trazendo mais leveza aos nossos dias.


Que por toda a vida, façamos brilhar nosso AMOR incondicional em forma de solidariedade e fraternidade a inspirar todos os nossos atos, como um presente de GRATIDÃO ao grande mistério que é a VIDA e todas as suas manifestações.


Entreguemos de presente à vida a nossa ALEGRIA, o mundo precisa dela para ser um lugar melhor. Só com alegria podemos servir mais e melhor a humanidade!


Aos meus queridos leitores e leitoras, desejo que o Natal lhes traga o presente da CONSCIÊNCIA CRÍSTICA e a BEM-AVENTURANÇA de saber-se tão enorme quanto AMAR lhe torna capaz.















domingo, 13 de dezembro de 2009

CAPOEIRA DO AMOR

A VIDA é mesmo uma BENÇÃO constante! Quando o mundo parece ruir em valores e afetos, quando a esperança é uma bandeira rasgada a meio-fio, quando o AMOR é colocado na gaveta da cômoda do egoísmo, então surge uma luz a iluminar um novo ângulo, uma nova perspectiva da realidade que se apresenta. E tudo se renova!
Dezembros trazem belos presentes a quem os reconhece. Transforma em festa a vida na terra celebrando o nascimento do filho do céu! Renova a esperança na chegada desse novo tempo, onde o espírito do AMOR DIVINO se instale nos corações humanos e se manifeste em atos de solidariedade, compaixão, aceitação e transcendência...
A primeira sexta-feira de dezembro trouxe-me um belo presente, fui deliciosamente surpreendida com o BATISMO DE CAPOEIRA dos alunos da APAE de Penápolis, e entre eles, minha irmã que fez sua dança em uma cadeira de rodas, empenhada e feliz como se realizasse saltos e piruetas!
Os alunos, crianças de todas as idades, em seus trajes brancos e descalços, portavam no olhar o brilho de um grande acontecimento! O grupo de capoeira responsável pelo trabalho preparou uma festa de gala, trouxe seus convidados especiais, mestres, graduados e aprendizes para que este grande dia pudesse coroar de surpresa e alegria a alma de todos.
Reinava no ar a mais perfeita sintonia que faz os corações humanos baterem juntos ao som dos atabaques, na ginga dos berimbaus, na roda onde o menino busca no olhar do padrinho a certeza de poder ousar, de poder alçar vôos profundos. E o padrinho transmite a segurança com afeto e cuidado, e no olhar o mesmo brilho de todas as crianças.
Assim, o jogo da capoeira se fez com a DANÇA DO AMOR entre homens, mulheres e crianças vibrando juntos aquela energia que derruba fronteiras, que une as diferenças e quebra os preconceitos. A energia do ritmo afro que corre em nossas veias através de toda a história, de cada pedaço deste nosso país, das nossas células que vibram e nos lembram de quem somos. Éramos um mesmo coração pulsando todo o amor que cada dezembro tem a intenção de nos ensinar... Corações renovando sua fé no poder de superar limitações, no poder da arte na transformação da vida, fé na criatividade que o ser humano pode ter na busca de soluções mais humanas e coerentes para um sistema educacional que precisa resgatar sua verdadeira missão na evolução dos tempos.
Minha alma agradece profundamente, cheia de emoção e desejos de vida plena e felicidades, a todas aquelas pessoas que promoveram este maravilhoso trabalho, que nos sirva de inspiração para aprender a amar mais e melhor todas as criaturas deste universo. Assim e só assim, viveremos verdadeiramente na terra, a mensagem do céu!

sábado, 5 de dezembro de 2009

EROS FERIDO

A realidade se passa exatamente entre os opostos, a vida se dá paradoxalmente no limite e nós, pobres humanos, suspensos na corda bamba das ilusões, corporificamos todos os conflitos nascidos dos conceitos que dividem o mundo entre o BEM e o MAL.
Um dos aspectos que mais sofre a ação direta desses ‘pré-conceitos’ é a sexualidade humana, através das inúmeras disfunções sexuais que comprometem a vida amorosa e a plena vivência do maior prazer que o corpo pode experimentar em parceria com a mente e a alma, na companhia de outra pessoa.
Pesquisas atuais revelam que quase metade dos homens e mulheres apresentam insatisfações e disfunções sexuais diversas. Nos homens, as principais queixas estão ligadas à dificuldade de ter ou de manter a ereção durante o ato sexual, o que impossibilita o orgasmo. Outra queixa é a ejaculação precoce, a ejaculação retardatária ou mesmo a falta dela, comprometendo, muitas vezes, a qualidade da vida sexual do casal e provocando muita angústia e ansiedade para o homem, o que só faz piorar os sintomas. Dores no ato da penetração são bem raras nos homens e mais comum nas mulheres, porém não é a principal queixa do universo feminino. O problema mais comum entre elas é a falta de desejo e excitação sexual, a falta de lubrificação vaginal que é provocada pela excitação e sem a qual a penetração torna-se incomoda e dolorida. Outra queixa é a dificuldade ou falta total do orgasmo, o clímax, a celebração máxima do ato sexual!
Estudos cada vez mais aprofundados sobre a origem dos problemas sexuais nos humanos, remetem-nos à um passado onde os mitos e crenças populares sobre o sexo ainda permeiam o imaginário coletivo e individual, gerando as atitudes, o modo de pensar, sentir e agir, resultante do potencial herdado, do meio físico, sociocultural e sobretudo, das experiências afetivas vivenciadas durante toda a vida nas várias fases do desenvolvimento da libido.
Embora não se possa eliminar a possibilidade de causas orgânicas, genéticas e congênitas das disfunções sexuais, como também aquelas provocadas por efeitos colaterais de medicamentos, adição de drogas, alcoolismo, estresse e transtornos de humor, devemos considerar seriamente os mitos sexuais que determinam o padrão de sexualidade de cada pessoa. Esses mitos são um conjunto de idéias com forte conteúdo emocional que se impõem como verdades. Apresentam uma realidade distorcida, sem qualquer valor científico, carregada de superstições, mentiras e fanatismo. Infelizmente são mantidos por uma educação sexual falha e cheia de preconceitos.
Outro fator que predispõe às disfunções sexuais é a falta de conhecimento sobre a anatomia, a fisiologia e a diferença entre a resposta sexual masculina e a feminina. A repressão sexual intensa nas mulheres faz com que muitas delas nunca tenham tocado seu próprio órgão genital, desconhecem os pontos que lhe proporcionam maior prazer e excitação e não se permitem o auto-erotismo e as fantasias sexuais que estimulam o desejo e a excitação. Por outro lado, o homem é super estimulado sexualmente . O mito de ter que estar sempre pronto para o sexo e jamais falhar, provoca equívocos fundamentais na sua postura e desempenho diante do amor sensual.
Este é o palco onde ensaiamos a dança da nossa sexualidade, onde experimentamos as mais intensas emoções proporcionadas pelo AMOR sensual, onde depositamos altas expectativas de realização conjugal. É muito importante para a vida do casal haver harmonia e intimidade no encontro sexual, momentos de entrega total, carícias intensas, beijos apaixonados... Esse encontro dissolve conflitos e dissabores cotidianos além de derramar uma cachoeira de hormônios que nos trazem sensações de plenitude, alegria, bem estar e relaxamento.
Mas... A sexualidade do casal é uma construção constante e sua manutenção depende de muitos outros ingredientes tão importantes quanto o desejo e o bom desempenho. O afeto, o respeito, a atenção às necessidades um do outro, o diálogo franco, o companheirismo, a cumplicidade, solidariedade, a amizade, a liberdade de manifestação dos sentimentos, o cuidado com a sensibilidade da pessoa amada, a confiança e a segurança de ser aceito como se manifesta no momento, fazem toda a diferença. O cuidado com o AMOR é o melhor adubo para o florescer constante da sexualidade!
As insatisfações sexuais devem ser tratadas pelo casal, mesmo que estejam localizadas em apenas um de seus pares. A crise na sexualidade deve ser enfrentada sem preconceitos que camuflam e distorcem a realidade, provocando ainda mais desencontro e sofrimento. Buscar profissionais e informações adequadas, provocar mudanças de conceitos e hábitos, livrar-se de mitos e crenças que já não fazem sentido, rever contratos conjugais e não se deixar sufocar pela rotina dos casamentos duradouros, são os grandes ganhos que podemos ter com as crises da sexualidade. Afinal, o corpo não mente nunca e denuncia nossos enganos. Toda crise é a medida de segurança, o sinal de alerta para salvar a nossa VIDA!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FOGO ARDENTE

Paixão é uma fogueira acesa ardendo no corpo e na alma... Fogos de artifício iluminando o céu, celebrando a chegada de um novo começo ! Acontece em qualquer tempo da vida e é sentida de forma semelhante em todas as idades.
Paixão é energia libidinal manifesta no corpo em forma de desejo, na mente em forma de posse, no coração em forma de esperança de amor eterno. Os apaixonados vivem o sonho do amor romântico perfeito, do “felizes para sempre” sem absolutamente nada que possa macular esse sonho, navegam tranqüilos no universo paralelo da ilusão e da fantasia. Por todas essas razões, a paixão é bem característica da adolescência, tempo da descoberta do amor sensual e dos prazeres da libido, fazendo vibrar nas células toda a ansiedade do amanhã.
Força de vida e de morte, a paixão também provoca sofrimento. Ciúmes... Medo da perda... Dependência do outro... A falta dela, após experimentar seus encantos e venenos, cava um buraco negro e vazio no peito e nada é capaz de preencher. Por vezes um longo período de depressão e/ou ansiedade. Outras vezes, uma profunda saudade.
Diz a psicologia que não nos apaixonamos pela outra pessoa, mas sim pelo que ela nos faz sentir. Projetamos no ser amado todos os nossos sonhos, nossas melhores qualidades e expectativas, tudo que temos e queremos de bom. Então introjetamos deste ser, aquilo que projetamos nele, só vemos o que queremos ver, a beleza, o carinho, o ideal, o sonho...
Já observaram como a pessoa apaixonada fica mais bonita ? Com um brilho intenso nos olhos, sorriso permanente entre suspiros que denunciam um estado de graça quase divino. Torna-se amável, generosa, de bem com a vida! Tem disposição para o trabalho e para o lazer e faz isso tudo com prazer?
Que delicia estar apaixonada! Estimula a criatividade, provoca a inspiração, brotam palavras de amor e poesia. Cânticos ecoam nos labirintos harmonizando a dança dos corpos no encontro das almas...
Paixão é braseiro em chamas queimando a razão ! Tirando o chão, roubando-nos de nós. Estudos científicos demonstram que a paixão é um ‘enlouquecimento’, é quase uma doença, uma obsessão.
Mas passa. Consome-se em si mesma. Transforma-se.
Pode transformar-se em decepção, em mágoas ou raiva, na rejeição pode transformar-se em ódio e desejo de vingança, mas pode também virar indiferença e depois de um tempo ser esquecida.
Outra possibilidade é transformar-se em amor genuíno e sensual. Retiradas as projeções de nossas expectativas sobre o ser amado, podemos vê-lo exatamente como ele é, contemplar o outro com todas as suas nuances e verdades, sem lentes que o deformam, sem espelhos refletindo nossa própria imagem alterada.
AMOR e PAIXÃO são coisas bem diferentes, mas as confundimos o tempo todo, e por conta desta confusão, nossa alma sofre, desorganizando nossa emoção.
Paixão pede sexualidade, mantém o desejo sexual sempre em alta. Esta é a função da paixão na preservação da espécie, garantir o desejo que provoca o ato da criação da vida! Sem desejo não há ereção, não há orgasmo, não há entrega dos corpos e desejo de perpetuação. Nesse aspecto o ciúmes , as brigas, as breves separações têm o papel de reacender a paixão frente à ameaça da perda do objeto amado. É também a falta de desejo o maior problema nas disfunções sexuais tanto masculinas quanto femininas.
A paixão e o sexo nos dão sensações de muito prazer e forte emoção, mas não nos promovem felicidade. O sentimento amoroso é que nos ilumina a alma e aquece o coração com sonhos de eternidade! É o AMOR para toda a vida que buscamos para nos trazer segurança e conforto à alma, base para nossa idealizada felicidade.
A PAIXÃO não sobrevive, com a mesma pessoa, sem o AMOR, ela tem prazo de validade. Muitas vezes termina junto com o orgasmo.
O AMOR permite que muitas vezes a fogueira da PAIXÃO faça arder novamente, no mesmo coração, todo o desejo de manter-se em profunda união com a pessoa amada, o sexo reveste-se do sagrado e a intimidade e cumplicidade na fusão dos corpos, promove um prazer que vai além dos sentidos... Depois do orgasmo, o carinho, os olhos nos olhos, os corações batendo juntos, o sorriso de profunda gratidão...

O AMOR quer PAZ mas pede PAIXÃO!