quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A ENERGIA DA CRIAÇÃO

A Libido é a energia mais poderosa que atua no instinto do ser humano. É a energia de vida, de criação, a energia sexual do desejo que garante a atração entre macho e fêmea, e assim, a preservação da espécie. Esse instinto de preservação, presente em todos os animais, é também responsável pela sobrevivência e defesa da vida na terra.
Todos sabemos que na Pré-história as relações sexuais humanas seguiam as leis naturais que regiam o instinto de todos os animais, porém, por nascerem e permanecerem por muito mais tempo frágeis e dependentes de cuidados, os humanos foram construindo suas comunidades onde o modo de vida priorizava a garantia da sobrevivência. As mulheres cuidavam da prole e com sua receptividade sexual através da copulação, mantinham seus homens no lar, interessados nos filhos e garantindo, através da caça coletiva dos homens, o suprimento para suas famílias.
Nas sociedades primitivas tanto podia existir a monogamia como a poligamia regular ou ocasional, e até a abstinência sexual enquanto se esperava que o bebê atingisse alguma autonomia. A poligamia era aceita sempre que as comunidades precisassem se expandir e enquanto houvesse recursos para sustentar as famílias. A monogamia assegurava a concentração dos bens. Nas sociedades contemporâneas a monogamia continua a ser o tipo predominante de união conjugal, mas segundo os estudiosos do assunto, muito mais por questões culturais e econômicas do que biológicas.
De lá para cá, muitas, mas muitas revoluções alteraram o curso deste rio da sexualidade que jorra em nós suas águas de prazer e dor!
Desde a descoberta da paternidade e o fim do matriarcado, desde as pinturas e esculturas gregas enfatizando as delícias do sexo hetero e homossexual, desde o Kama-Sutra e o Jardim das Delícias que, há vinte séculos eram verdadeiros tratados de prazeres sexuais, desde a Inquisição, no fim do século XII, onde o sexo foi considerado ‘obra do demônio’ e cruelmente combatido pela igreja católica, condenando milhares de mulheres à fogueira por serem atraentes e sedutoras e portanto, suspeitas de bruxarias e relações com o diabo, fomos construindo novos paradigmas da sexualidade a cada tempo, chegando ao século XIX onde a repressão sexual atingiu seu auge. O casamento foi legalizado, a prostituição recolheu-se a recintos fechados, a masturbação foi considerada prática anormal e repelida, estátuas e quadros de nus foram cobertos em suas partes íntimas como uma repressão frontal aos desejos sexuais. E então, surge FREUD, médico com uma visão inteiramente nova, tendo como objetivo pedagógico conhecer o desenvolvimento sexual da criança, sua fisiologia e o controle dos nascimentos.
Foi só no início do século XX que as indagações e pesquisas de Freud na área da sexualidade humana, embora ainda fosse um assunto ‘vergonhoso’ de ser tratado, vieram quebrar com o mito do pecado e iluminar a importância da sexualidade nas relações diárias dos indivíduos e no desenvolvimento da personalidade do ser humano.
Graças à grande contribuição e abertura do Mestre Freud, hoje sabemos que a sexualidade nasce e morre com o ser humano, não se inicia na puberdade e não termina com a menopausa ou andropausa. É consenso entre os pesquisadores da área, que as práticas sexuais estão submetidas às influências biológicas, à época e cultura que vivemos, à fase da vida e condições físicas e psicológicas que os indivíduos se encontram.
As mulheres fizeram sua revolução sexual e garantiram seu direito ao orgasmo e à liberdade sexual através dos métodos anticonceptivos e da revolução feminista de igualdade de direitos. Homossexuais saíram às ruas assumindo seu direito de amar seus iguais sem preconceitos. O erotismo hoje é assunto de domínio público e estampa a maioria das propagandas na mídia. As doenças sexualmente transmissíveis são cada vez mais fatais e a performance sexual virou obrigação de todos. No meio dessa profusão de novos valores e conceitos, a insatisfação sexual aumenta, as disfunções sexuais em homens e mulheres aparecem com mais freqüência e a infelicidade conjugal fica ao sabor das ilusões e fantasias que já não cabem mais.
Nossas células e nosso inconsciente coletivo ainda guardam a história dos nossos ancestrais, nossas experiências nas relações amorosas e sensuais traçam os contornos que nos fazem ser o que somos. O AMOR que aprendemos e a PAIXÃO que nos incendeia as entranhas e traz promessa de felicidade à nossa alma, são os ingredientes que dão sentido e valor à vida amorosa sensual de todos nós, seres emocionais.
Por todas essas razões e pela complexidade e abrangência do tema, estarei abordando a sexualidade em uma série de artigos a partir deste, onde pretendi apenas apresentar o cenário onde protagonizamos nossa história atual. Desejando, cada vez mais, oferecer instrumentos à reflexão, ao auto-conhecimento e ao desenvolvimento das plenas possibilidades individuais para uma vida saudável e feliz.

Um comentário:

  1. oi Joana,
    estou sempre passando por aqui para ver seu blog, adoro ler o que vc escreve.
    bjuss
    Joseani

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