segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PAI É PAI

Foi-se o tempo em que os papéis de pai e mãe eram bem definidos e delimitados na sociedade. Foi-se o tempo em que os papéis de homem e mulher tinham contornos facilmente reconhecidos por ambos. Foi-se o tempo de tantas outras coisas que, por décadas, foram nossas referências e verdades absolutas.
Foram as guerras e revoluções que romperam com as sólidas construções dos antigos modelos da humanidade. Depois que os homens fizeram as guerras, as mulheres silenciosamente foram ocupando seus lugares fora e dentro de casa. Do lugar da subserviência vieram as revoluções feminista e a revolução sexual protagonizadas pelas mulheres. Daí para a frente o que assistimos é a desconstrução do modelo da família nuclear e o surgimento de múltiplas formas de se viver em família.
A mãe continua a ser o eixo ao redor do qual a família gravita. Seu papel foi ampliado por ter que exercer a função do pai, na falta dele, tornando-se ao mesmo tempo provedora e disciplinadora de sua prole. Não é à toa que nosso planeta é chamado de ‘mãe’ terra, que nos acolhe e alimenta generosamente. Mas não é raro nos dias de hoje ver pais que assumem a guarda dos filhos e também desempenham a maternagem tão necessária, ampliando seu papel.
O que se cobra do pai moderno, além se estruturar a palavra de ordem dentro dos filhos, é que ele participe de todos os momentos da vida deles, que seja o modelo a ser copiado na construção do masculino nos meninos e o universo masculino a ser conhecido pelas meninas. Mesmo sem exercer o papel na sua integridade, o pai jamais perde sua importância na vida dos filhos, em tempo algum.
O que temos atualmente são homens e mulheres desempenhando diferentes papéis, independentemente do seu sexo, desmanchando, na prática, os modelos dicotômicos de papéis associados ao masculino e feminino. A paternidade tem sido permanentemente desafiada e com certeza as vivências entre pais e filhos de hoje modularão os modelos paternos futuros.
Amanhã é o “Dia dos Pais” e quero, aqui, prestar minha homenagem à todos os pais e trocar com eles algumas palavras.
Pai, saiba que independente dos seus genes e do seu nome, o que constrói e mantém os laços entre pais e filhos é o vínculo afetivo que se vive na relação. Pai é aquele que desenvolve a paternagem, mesmo que seja avô, tio, padrasto, padrinho ou amigo. A todos esses minha homenagem alcança.
Pai, o mundo quer também sua ternura, não apenas o seu trabalho. Os filhos querem seu riso solto, seu prazer em estar com eles, querem brincar com você. Querem seu olhar de aprovação quando arriscam um passo novo, sua mão forte que apóia e sustenta o risco, as asas que só você pode lhes dar.
Pai, seus filhos querem vê-lo amando e respeitando a mãe deles para que eles próprios aprendam a amar e respeitar as mulheres. Suas filhas precisam ter confiança no seu amor para que confiem no amor dos homens. Mesmo numa situação de separação entre o casal, os filhos precisam assistir uma relação de respeito e harmonia para não terem conflito em amar o pai e a mãe que já não se amam mais.
Pai, tuas críticas darão à sua prole os conceitos de certo e errado que norteiam o mundo, os valores que permearão suas escolhas. Faça-as sempre que preciso, mas nunca humilhe seus filhos quando criticá-los, jamais deixe que se sintam incompetentes para fazerem melhor. Mais que as críticas, eles precisam dos teus elogios para saberem que estão no caminho certo, que aprenderam o que você ensinou para poderem crescer.
Proteja seus filhos, pai, acolha e nutra suas idéias e seus ideais, mas não faça por eles aquilo que já podem fazer, não sufoque suas iniciativas com medo do fracasso e do sofrimento. Só é livre aquele que pode escolher por onde andar, dê-lhes a liberdade da escolha e se quebrarem a cara, ajude a recolher os cacos e curar as feridas...
Seja amigo dos filhos, mas antes de amigo, seja pai! Amigos eles escolherão pela vida a fora, podem ter muitos que vão e voltam, mas pai é você, o único com quem podem contar. Saiba ouvir seus lamentos e ofereça seu ombro, mas não se chateie se tiverem outros ombros onde recostar. Acolha os amigos deles, conheça seus hábitos, entenda as necessidades de cada idade e com isso conheça-se um pouco melhor.
Aproveite o amor dos filhos, olhe sempre nos olhos deles e aprenda a aceita-los exatamente como são. Todos podemos ser melhores do que somos e o maior núcleo de aprendizado é a família.
Enfim, viva esse papel com todo o amor que for capaz porque este é o papel mais importante da tua vida. Parabéns!

Joana Carolina Paro

Publicado em 08 de agosto de 2009 no jornal 'Diário de Penápolis'.

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