segunda-feira, 24 de agosto de 2009

VIAJAR É PRECISO.

Sinto um prazer enorme só em pensar em viajar. Acredito que este prazer seja compartilhado com a maioria dos humanos, nômades por natureza mas que precisam fincar raízes por segurança e sobrevivência.
A indústria do turismo cresce vertiginosamente viabilizando viagens para todos os bolsos, o mundo ficou pequeno e é possível navegar por mares distantes em segundos através da internet. Criação do homem que antes de ser realidade foi uma grande viagem da imaginação!
A filosofia, a poesia, a música, as artes em geral proporcionam viagens inimagináveis e únicas, uma vez que cada pessoa sente o mundo segundo seu código de informações, sensações e emoções vividas.
As paisagens naturais encantam-me mais que a arquitetura das cenas urbanas, mas o grande universo por onde viajo todos os dias, por escolha de vida, é o ser humano. Esta é a minha praia, aprender para poder ajudar as pessoas a conhecerem e harmonizarem seus universos pessoais. Esta é a minha grande viagem sem volta.
Aqui, neste universo da mídia, convido os leitores a viajarem comigo.
Vamos viajar pelos caminhos de dentro...
Conhecer a paisagem interna cravada no ego e na alma pela ação dos ventos e dos homens. Penetrar nas cavernas escuras que guardam os segredos da terra, escalar montanhas de onde se pode contemplar toda a beleza e imensidão desse nosso pequeno planeta. Vamos habitá-lo com nosso espírito inocente da criança curiosa e sem preconceitos que a tudo olha com olhos de surpresa.
Viajar pelo universo humano é a maior de todas as aventuras.
Conhecer a geografia do corpo e os sentidos por onde penetra o mundo externo, conhecer a música que toca nos ouvidos como o ruído do mar nas praias ou o barulho do vento no outono. Conhecer os aromas e os sabores que despertam as sensações e memórias afetivas impressas por toda a vida. Reconhecer no abraço a carícia que o corpo pede para acalentar a alma. Reconhecer os desejos que a paixão desperta e mantém, o fogo interno com suas labaredas e força de transformação.
Vamos viajar pelos nossos ares, quais pensamentos passeiam por nossa mente? Eles nos aprisionam ou libertam? A mente não tem fronteiras, é livre para voar por onde bem entender, mas pode estar aprisionada na gaiola dos preconceitos culturais e pessoais que marcam nossa época, pode estar com as asas quebradas por uma auto imagem deformada pelo espelho de uma sociedade desigual, injusta e corrupta, contaminada pelos mitos de um mundo que privilegia o poder e a dominação. Só a mente pode nos levar às maiores e verdadeiras viagens para além dos olhos e do poder.
Expandir a consciência sobre nós mesmos é conhecer todas as potencialidades existentes nas sementes adormecidas num solo estéril. É através da mente que buscamos o alimento do conhecimento para transformar em terra fértil esse imenso jardim onde repousam muitas sementes que sequer imaginamos que flores e frutos nos trarão.
Assim como o ar que se faz vento provoca furacões e tsunamis, nossos pensamentos tem a força da vida e da morte. Condicionam a emoção, submetem os instintos às regras da racionalidade, determinam nossos desejos e medos mais secretos e norteiam as escolhas que fazemos pela vida afora. O pensamento nunca para, como o ar presente em todos os espaços, é ele quem mantém a vida na terra, porém, podemos escolher em quais pensamentos nos apegar, quais nutrir e alimentar para equilíbrio e harmonia dos outros elementos desse universo em constante transformação.
Conhecer a si mesmo é a maior conquista que podemos fazer, a viagem ao nosso interior, passando por nossos desertos e mares, penetrando florestas virgens, enchendo a alma de belas paisagens de amor infinito, e chegar àquele lugar de paz e beleza, a fonte de onde tudo flui, de onde viemos e para onde devemos retornar. O coração do universo.

Joana Carolina Paro

Publicado em 01 de agosto de 2009 no jornal 'Diário de Penápolis'.

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